28 abril 2014

Felicidade


Ao ar livre não lutam pelos mesmos brinquedos. Não fazem birras porque sim e porque não. Nem perguntam o que fazer.
Ao ar livre o apetite é voraz. Apetite pelo chão sem mariquices, por meter as mãos na água gelada, por correr campo fora em busca das melhores flores. As amarelas. Ou as brancas. As mais bonitas. (As mais bonitas são elas. Eu sei. Mas elas não ligam a estas coisas de mãe.)
Não se zangam. As flores são muitas. Não choram quando caem. Ajudam-se e levantam-se. E então riem. Olham-se e riem. Tratam os seus bebés com o carinho de verdadeiras mães. Fazem construções em pedra dignas de distinção a artistas. E ainda as embelezam com flores e odores. Colhem a salsa, escolhendo a mais amarela (inocentes). E correm felizes. Uma descoordenada atrás da outra. 
Tentam esticar-se para tocar as nuvens. E apanham laranjas da árvore.
Vamos lanchar. Lavo-lhes as mãos. A água sai preta. Preta de sujidade. Preta da terra. Preta da textura. Preta do tacto. Preta do sentir. Sentir o chão com as mãos. Sentir o toque da vida. 
A sujidade sai. A plenitude não. 


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